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TUDO SOBRE MINHA MÃE EM PEDRO ALMODÓVAR

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      No domingo Dia das Mães vamos relembrar o filme Tudo sobre minha mãe (1999), que narra a história de Manuela (Cecilia Roth) e o seu filho Esteban (Eloy Azorín) que para comemorar seus 17 anos assistem a uma encenação da peça Um Bonde Chamado Desejo , de Tennessee Williams. Ao fim do espetáculo, o rapaz corre para pedir o autógrafo à estrela da peça, Huma Rojo (Marisa Paredes) e acaba sendo atropelado pelo seu carro. Meses depois, Manuela vai a Barcelona para rever o pai do filho morto e encontra ele transformado no travesti Lola (Toni Cantó). Lá, ela conhece Agrado (Antonia San Juan), outro travesti e Rosa (Penélope Cruz), uma freira engravidou de Lola e contraiu o HIV. Ao mesmo tempo em que dá apoio à irmã Rosa, Manuela começa a trabalhar como secretária de Huma, sem lhe contar, porém, sobre a parcela de culpa da morte de Esteban. O cineasta conta que foi criado à base de filmes americanos e que gostava especialmente dos clássicos dos anos do início dos anos de 1960 (Gimen

JULIETA

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  JULIETA o filme de Pedro Almodóvar, 2016, foi baseado no livro de Alice Munro. As músicas, as fotos, as cores, as janelas, movimentos de câmara na paisagem urbana (Madri), ambientes kitsch, amizade entre mulheres tudo funciona como estratégias criativas para acessar o ponto crítico do espectador. Julieta (Emma Suárez/Adriana Ugarte) é uma mulher de meia idade que está prestes a se mudar de Madri para Portugal, para acompanhar seu namorado Lorenzo (Dario Grandinetti). Entretanto, um encontro fortuito na rua com Beatriz (Michelle Jenner), uma antiga amiga de sua filha Antía (Blanca Parés) faz com que Julieta repentinamente desista da mudança. Ela resolve se mudar para o antigo prédio em que vivia, também em Madri, e lá começa a escrever uma carta para a filha relembrando o passado entre as duas. Escreve a personagem: Sou Julieta. Viúva, mãe de Antía, e não a vejo há 12 anos; encontrá-la é o propósito da minha vida, ainda que por vezes fiz parecer até para mim mesma que havia desisti

Pedro Almodóvar e Dor e Glória: quando a arte imita a vida

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Dor e Glória (2019) é o filme mais autobiográfico de Pedro Almodóvar ao tratar da encruzilhada vivida por um diretor aflito, sem inspiração e que admite que tomou a sua vida e seus filmes como referência. A trama visita três épocas distintas: a infância na cidade para onde os pais emigraram nos anos 1960; o primeiro amor em Madri nos anos de 1980; e o presente. Nesse melodrama, Salvador Mallo (Antonio Banderas), alter ego do diretor revela ao espectador, os momentos difíceis da vida de um cineasta famoso e a verdadeira face da solidão e cuja fama é um preço alto a se pagar. O resgaste do passado familiar e as cenas que ocorrem na sua infância são reveladas com delicadeza   no branco das roupas estendidas no varal perto do rio. O resultado mostra o valor do detalhe numa imagem singela e que vai evoluindo no tempo fílmico, juntamente com as lembranças de lugares e de pessoas que Salvador conheceu e transmite ao espectador, com as forças mais ocultas e recônditas de uma vida que pensávam

Carne Trêmula: matrizes culturais em Pedro Almodóvar

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  Carne Trêmula se passa em Madri, em janeiro de 1970 e uma prostituta tem um filho no ônibus, quando tenta chegar à maternidade. Após vinte anos, o filho cresce e está começando sua vida adulta, quando tenta se encontrar com Elena, uma desconhecida com quem uma semana antes de ser preso teve um fugaz encontro. O filme faz referências ao ditador Franco, quando a prostituta começa a sentir as contrações do parto e auxiliada pela cafetina Centro (Pilar Bardem – mãe de Javier Bardem), Isabel dá à luz a um filho no ônibus que iria leva-la ao hospital. O filme foi baseado no livro Carne Trêmula (ou Carne Viva), da escritora inglesa Ruth Rendell, especialista em romances policiais. O livro ganhou a adaptação de Almodóvar que levou a história para Madri. O cineasta tentou esquecer o passado, mas ele está impregnado em suas memórias e o diretor reconsiderou ao dizer: “Hoje é bom não esquecer esse tempo e lembrar que ele não está tão longe (...)”. (Strauss, 2008, p. 206) A ditadura de Fran

Pedro Almodóvar em Volver e as mulheres que choram também cantam

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  O filme Volver (2006) traz a marca do estilo de Pedro Almodóvar, que retorna ao passado e encontra nas lembranças de sua infância, vizinhas, as mulheres sofridas e marcantes em sua vida para narrar a história de Irene (Carmem Maura, a atriz do filme Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos , de 1988). E ao retornar em La Mancha para a realização da filmagem ele reviu as mulheres da sua aldeia e fez questão de convidá-las para participarem do filme. Portanto, elas são figurantes e moram na cidade e continuam cuidando dos túmulos dos familiares. A cena inicial do filme, acompanha um grupo de viúvas e órfãs limpando os túmulos de seus entes queridos no cemitério de La Mancha , sob o vento Leste que, dizem que perturba os vivos e os espíritos. Os habitantes da cidade dizem que o vento leste deixa as pessoas com problemas mentais e existe um alto índice de insanidade na região por causa do vento, que também é responsável por diversos incêndios que devastam a área em todos os verões.

Mulheres à beira de um ataque de nervos de Pedro Almodóvar e as articulações com o melodrama de Hollywood

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  Pedro Almodóvar (1949) no cenário internacional, o filme projetou o diretor espanhol destacando-o como um dos mais criativos realizadores europeus das últimas décadas. E a ideia inicial para a construção do filme Mulheres à beira de um ataque de nervos (1988), ocorreu a partir de um projeto de adaptação da peça A Voz Humana (Jean Cocteau, 1927). O diretor aproveitou alguns trechos no monólogo da peça e realizou a adaptação para o monólogo de Pepa (Carmen Maura) a qual tinha por tema uma mulher abandonada.  A metalinguagem neste filme é com outra obra cinematográfica, que é o filme Johnny Guitar (Nicholas Ray, 1954). Almodóvar utilizou alguns trechos desse filme, que também trata do tema da mulher abandona pelo ser amado. Segue o diálogo extraído do filme: Johnny: Eles devem ter vivido felizes para sempre. Vienna: Não foi assim. Eles romperam. Ele não podia ver a si próprio acorrentado a um lar. (Johnny Guitar, Nicholas Ray, 1954) O melodrama Mulheres à beira de um ataque de nervos, c

Luís Buñuel e Pedro Almodóvar: em busca dos obscuros objetos do desejo e a intertextualidade

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  “(...) é onde triunfa o incondicionado desejo erótico na sua declamada provocação. O recalcamento emerge, flutua; o objeto do desejo revela-se, impudico, chocante, imoral, na ausência de qualquer controle” (Uzzani, 2011, p. 145).   Resumo: Abraços Partidos (Almodóvar, 2009) evoca o filme A Bela da Tarde (Buñuel, 1967), que traz um elemento intertextual referente ao passado de Lena (Penélope Cruz) como uma prostituta de luxo, que é semelhante à de Séverine (Catherine Deneuve). O diretor manchengo apresenta a sua estética pop e surrealista numa verdadeira alucinação e também ao combinar a construção da narrativa com a anexação de intertextos. A finalidade deste trabalho é de demonstrar que, tanto nas narrativas de Buñuel como de Almodóvar, ambos diretores buscam pelos obscuros objetos do desejo em relação às suas mulheres inacessíveis. A pedra angular da racionalidade humana perde o seu poder diante do louco amor.   Rosângela D. Canassa    ABRAÇOS PARTIDOS   Pedro